quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

"Adeptos de costas voltadas", noticia o jornal "A Bola"

Vergonhoso. É aquilo a que se pode chamar a notícia, claramente com um tónico de encomenda, que saiu na edição de ontem do jornal "A Bola", que dá conta de uma franja diminuta de fãs, segundo o técnico do Óquei de Barcelos, que contestam a equipa, ou melhor, dois jogadores que não são de Barcelos.

As acusações de xenofobia são patentes ao longo de toda a notícia, desde o lead (sub-título) da notícia, onde frisa que jogadores de fora são alvos preferenciais - como se de um grupo de ataque xenófobo se tratasse - passando por diversas declarações ao longo da notícia, onde chega mesmo a frisar nomes deste ataque feroz, como João Candeias ou Ricardo Silva.  

O mais grave da notícia, é ver um dirigente, que até é de Barcelos e conhece bem a raça dos adeptos barcelenses na defesa dos ideais do clube, vir em defesa desta tese, acusando parte da massa adepta do Barcelos - que os reconhece como antigos no apoio ao clube - de trunfos para os clubes adversários que visitam a Catedral. 

O mesmo dirigente, Mário Faria, esclarece e "descansa" os adeptos do Óquei com uma quase impossibilidade de conquistar o título nacional nos próximos dez anos, sem dúvida uma facada para os barcelenses e a sua massa adepta, que embora ciente das dificuldades que o Óquei passou, segue agora uma fase sem dívidas, pelo que apenas com trabalho de marketing e publicidade poderá começar a dar os primeiros passos rumo ao título. Mário Faria, um dos responsáveis pela publicidade no clube, lá saberá porque razão então, dificilmente conseguirá o Óquei chegar ao título nos próximos dez anos. 

Mário Faria, vai ainda mais além e diz que qualquer equipa hoje em dia, gastará apenas energias para competir diante de Porto e Benfica. Ora, não será certamente isso que os adeptos da Oliveirense ou Valongo pensarão hoje em dia, sobretudo os valonguenses que, com um orçamento provavelmente inferior ao do Óquei de Barcelos, seguem isolados na primeira posição há já várias jornadas, inclusivamente com jogadores oriundos de Barcelos, como Rafa, Henrique Magalhães, Hugo Azevedo ou Miguel Viterbo, todos eles jogadores que, ou o Óquei não viu interessados nos seus serviços - Viterbo foi dispensado em Dezembro de 2008 - ou não conseguiu segurar por valores superiores aos que determinados jogadores auferem em Valongo. E que dizer então, do orçamento do Gil Vicente FC - que é público e se cifra em cerca de três milhões - para que, todos os anos ande sempre pelo meio da tabela a luta pela manutenção? Dispensa de energias para nada, segundo a mentalidade deste dirigente. 

A notícia acaba com um apelo do treinador Paulo Freitas para o total apoio aos jogadores, isto depois de enxovalhar os adeptos que durante anos ajudaram o Óquei a manter-se vivo no campo desportivo, defendendo o clube em todo o lado, dando a cara por ele nos mais hostis ambientes que a modalidade tem. Uma realidade que pessoas como António Gomes, Jerónimo Rodrigues ou Luís Salgueiro, veteranos nestas andanças, confirmarão concerteza.

Saberão estas pessoas, a animosidade que passaram outros agentes no clube, quando não iam de encontro à filosofia da massa adepta no nunca e, nunca nenhum responsável de forma covarde havia ido para os jornais, agendar notícias de forma a intimidar os adeptos para que estes não voltem mais expressar as suas opiniões.

Esta notícia, além da sua grande dose de nojenta, até porque o Óquei há doze dias que não realiza qualquer encontro no seu pavilhão, pelo que vem fora de horas, é um ataque a uma facção de adeptos que, estando identificados pelos responsáveis do clube, sobretudo pelo técnico Paulo Freitas a quem concedeu uma entrevista no início da temporada, tenta servir como vingança pelas crónicas duras - mas sempre reais - têm contra este e contra as suas opções, que o viram, por exemplo, obrigado a relegar João Candeias para suplente quase não utilizado pela fraca qualidade deste atleta - ainda júnior recorde-se - e optar por Hugo Costa, Zé Pedro e Luís Querido, jogadores da casa e que, curiosamente aparecem na fotografia anexa a essa notícia. A realidade é que, a partir do momento que a mudança se deu, apareceram quatro vitórias consecutivas para o campeonato e uma réplica interessante, deixada em Itália. Uma verdade que dói para quem tentou em vão impor uma filosofia iluminada e que, dada enorme frustração, segue agora para os jornais com justificações de protecções a jogadores pela animosidade que sofrem.

Xenofobia, isso sim, poder-se-à classificar a forma bárbara como este técnico apoiado pela administração dispensaram dois jovens jogadores argentinos acabados de contratar e que acabaram defendidos pela franja minoritária o que acabou por se tornar desconfortável para o treinador que em Agosto tinha assumido a composição do plantel na sua totalidade.

Ora e como o próprio Mário Faria reconhece, andando estes adeptos nestas andanças desde o tempo em que 'o chão dava uvas' a animosidade a uns não será por acaso. Por exemplo, João Marques ou Zé Braga não terão razões de queixa. A animosidade ao atleta João Candeias remonta a episódios que se repetem desde o início da época, o ainda júnior a quem o Óquei de Barcelos deu oportunidade de se estrear ao mais alto nível se vangloriava de ter garantida uma utilização regular visto que chegava a Barcelos por intermédio do seu antigo técnico.

O Óquei nunca foi uma casa de caridade, só cá jogou quem era merecedor disso mesmo e não foi com agrado que se começou a ouvir pela cidade, que independentemente da qualidade, ou falta dela, sempre recebeu humildes jogadores de braços abertos, que este atleta vinha com lugar assegurado. 

A verdade é que as picadinhas sucediam-se, o tempo de jogo era cada vez maior e este lisboeta nunca era repreendido pelo seu técnico ao contrário de outros. Como muitas outras vezes, palavras de ordem como 'Passa a bola!' ou 'Pára com essa merda!' banais num adepto, foram aparecendo para escândalo de muitos e desagrado de outros, entenda-se aqueles que o protegiam - pelos vistos ainda protegem - obstinadamente. O jogador, certamente pouco habituado a isto que chamam de animosidade mas que para uns trata-se apenas de 'Barcelos way of life', ficou desagradado com tais palavras de ordem e classificou a Catedral, junto de antigos atletas do clube como um 'teatro' onde os adeptos eram 'uns palhaços'. O que é certo é que estes adeptos, do tempo em que 'o chão dava uvas' e o Barcelos campeões, participaram e muito na educação táctica deste atleta que não só deixou de fazer picadinhas como também de jogar de forma mais humilde.

Em relação a Ricardo Silva, a mesquinhez já é elevada e tratar-se-à de um amor antigo que este tem pela franja minoritária pois desde que cá chegou, foi criticado quando esteve mal e elogiado quando assim o mereceu, processo natural de um adepto de um clube desportivo relativamente aos jogadores do mesmo. 

Entretanto, o Óquei foi a Oliveira de Azeméis perder por 8-3 (golos de Luís Querido, João Candeias e Hugo Costa), e não fosse o guardião Ginho que defendeu toda a segunda parte, para salvar a dignidade que o treinador tanto apregoa, o 6-0 ao intervalo podia ter tido outros contornos. Coincidências...