Apesar desta modernice - que salvou o clube há três anos - de sociedade anónima desportiva do OCB ser datada de vinte e seis de Julho de 2010, a história vem já de longa data, pois foi no primeiro dia do mês de Janeiro de 1948 que Barcelos viu nascer um novo ícone desportivo, provavelmente o mais simbólico do concelho (a par com o histórico clube de futebol Gil Vicente FC) e que iria atingir o seu apogeu nos anos noventa, com a conquista dos mais variados títulos, quer a nível nacional, europeu e até mesmo mundial.
Neste dia, há sessenta e seis anos atrás, fundaram o OCB os primos Cândido Augusto de Sousa Cunha e Simplício Cândido Monteiro de Sousa, juntamente com os também bravos senhores António Augusto da Silva Costa, Manuel Cândido Cunha Figueiredo e Joaquim Lucas Costa.
Reza a história, de que o Óquei de Barcelos existia já antes desta data, contudo, sem organização mínima para a prática da modalidade em Barcelos, pelo que, foi a paixão destes cinco bravos barcelenses que se deu início à lenda viva que é o OCB.
Porquê Óquei e não Hóquei? Essa é uma questão que muitos colocam e que está intrinsecamente ligada à história deste grandioso clube. A ausência da oitava letra do alfabeto prende-se com o facto de um erro tipográfico no registo do clube que nunca foi alterado, fazendo até no nome, com que sejamos um clube diferente.
Os primeiros tempos não foram fáceis e, prova disso é o aparecimento do Óquei de Barcelos à primeira divisão apenas em 1986, que fora relançada pela organização do mundial de selecções em 1982 que se realizou em Barcelos. Desde 1986, não mais o Óquei caiu em divisões secundárias, tendo tido um percurso exemplar e sempre em ascensão: antes de ser campeão nacional ou de conquistar outro qualquer título, beneficiando do segundo lugar no campeonato - atrás do campeão nacional e europeu em título FC Porto - o Barcelos teve direito a participar na Liga dos Campeões e, com José Fernandes ao leme, o Óquei de Barcelos foi mais forte que o Roller Monza de Itália e sagrou-se campeão da Europa em 1991, sendo aliás o último campeão europeu português até Junho último, aquando da vitória do Benfica no Dragão Caixa. No ano seguinte, o clube barcelense chegou ao topo do mundo e, no Brasil, conquistou o ceptro mundial, precisamente no mesmo ano que conquistara a primeira de quatro taças de Portugal (1992, 1993, 2003, 2004).
O Óquei continuava imperial e, em 1993, ainda com José Fernandes, além da referida segunda taça de Portugal, conquistou ainda a supertaça de Portugal - agora denominada António Livramento - e o seu primeiro de três títulos nacionais (1993, 1996 e 2001). Na Europa, o Óquei voltava a dar cartas e conquistava agora a Taça das Taças.
Dois anos mais tarde, no apogeu da era Pedro Alves e Paulo Alves no OCB, o clube volta a deixar marca na Europa e conquista o título que lhe faltava: a taça CERS! Em 1996, o Óquei volta a sagrar-se campeão nacional.
Surge depois uma fase de reestruturação, com a saída de Pedro Alves e Paulo Alves para o FC Porto mas, é o momento da chegada de jogadores que deixaram um legado que jamais será apagado: Alessandro e Mirko Bertolucci chegam a Barcelos, onde permanecem até 2002, fazendo cinco anos que deram para se tornarem ícones do Óquei até para os mais desconhecidos da modalidade.
Com os italianos, à mistura de outros grandes craques como Sérgio Silva ou Paulo Almeida, o Óquei conquistou o seu último título nacional com José Querido como timoneiro do clube, e ainda a primeira edição da Supertaça António Livramento em 1998, a que a juntar a isso há inúmeros segundos lugares em campeonatos nacionais, assim como finais de taças de Portugal, supertaças e até as para sempre recordadas finais da Liga dos Campeões de Guimarães ou Sevilha.
Pelo meio, o Óquei começa a fazer aposta nas camadas jovens e com sucesso: conquista em 1995 o título nacional e, em 1999 com a mesma formada - onde estava incluído o actual guardião dos seniores, Ginho - sagra-se campeão de juniores. A juntar, há ainda mais quatro títulos de camadas jovens e um leque vasto de títulos regionais.
Em 2004, o OCB vive uma nova fase da sua vida, que nunca mais saiu dela até aos dias de hoje: o marasmo! Sérgio Silva e Paulo Almeida abandonam o clube para que, no ano seguinte seja a vez de Martin Payero, Facundo Salinas, Paulo Matos, Pedro Alves e Luís Viana. O Óquei ficava assim sem os craques que levavam as pessoas aos pavilhões e, como se não bastasse, anda nas bocas do povo pelos piores motivos: a grave crise financeira!
Vítor Silva assume a equipa após despedimento polémico de José Querido por parte da direcção encabeçada por José Carvalho e José Augusto. O técnico que estava em Barcelos desde 1990 como guarda-redes (suplente), permaneceu até 2009, tendo pelo meio feito um trabalho notável nas camadas jovens, do qual é grande responsável pelos títulos conquistados. Em seniores, conquista uma supertaça - em 2004, no seu primeiro ano enquanto técnico - e, foi nas suas mãos que as equipas ano após ano se foram degradando e que as classificações a cada época que passavam fossem piores, relativamente às anteriores.
Em 2009, a crise financeira do Óquei atinge níveis insustentáveis e, surge a necessidade de se criar um PEC, que nunca chegou a aparecer, por se considerar depois insuficiente para salvar o clube. Só uma SAD era a solução.
O "SIM" para a SAD, surgiu em Setembro de 2009 todavia, só em Julho de 2010 ela apareceu, precisamente um mês depois de uma assembleia onde o fim do Óquei foi uma realidade. Para quem lá esteve, sabe que esse foi um dos dias mais felizes do clube, pelo facto de um grupo de bravos terem tido a coragem para criar uma direcção de modo a formar a sociedade anónima.
A sociedade anónima apareceu pelas mãos de José Campos, primeiro presidente da SAD, passando o Óquei a ter o nome técnico de Óquei Clube de Barcelos, Hóquei em Patins SAD. A sua hegemonia, durou um ano e meio. Foi estranhamente afastado da direcção quando tinha a equipa senior em quinto lugar no nacional e com um plantel a fazer as pazes com os barcelenses, que apareceram entretanto em força à Catedral da modalidade.
Desde então, o Óquei tem andado pelo meio da tabela, sendo o ponto alto desta direcção um título nacional de iniciados em 2012.
Nos dias de hoje, é o que infelizmente se vê e o que os factos não deixam mentir.
Foto: Roller Barcelos.